quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Muro de Berlim



Marco da Guerra Fria caiu em 9 de novembro de 1989
Símbolo maior da Guerra Fria, o Muro de Berlim foi construído em 1961 e dividiu por 28 anos a Alemanha em dois blocos: a República Democrática da Alemanha - que seguia o regime socialista liderado pela União Soviética - e a República Federal da Alemanha -conduzida sob o regime capitalista. Depois da derrocada dos regimes socialistas, ele foi derrubado em 9 de novembro de 1989.

Porém, para entender a divisão do território, é preciso voltar no tempo, mais precisamente até o final da Segunda Guerra Mundial (1945), quando o país foi dividido pela Conferência de Potsdam em quatro zonas comandadas por soviéticos, franceses, britânicos e norte-americanos, vencedores da guerra. Apagar as marcas do nazismo e empreender um processo de reconstrução era o objetivo maior desses países aliados.

Contudo, a chegada dos recursos do Plano Marshall em 1947 - concebido pelo general George Marshall, então secretário de Estado dos EUA, para ajudar na reconstrução da Europa devastada pela guerra- fez com que a União Soviética se recusasse a participar do programa de recuperação, temendo que os dólares pudessem colocar em risco a hegemonia de Moscou no leste.

O então líder da União Soviética, Josef Stálin, reagiu à reforma monetária e à implantação da nova moeda na Alemanha, o marco alemão, ordenando o bloqueio do setor ocidental de Berlim, que estava controlado pelos defensores do capitalismo.

Convencido de que a interdição do acesso a Berlim ocidental forçaria a rendição das forças de ocupação, Stálin foi surpreendido por uma resistência, que conseguiu abastecer durante 11 meses a área bloqueada.

Com a suspensão do cerco de Stálin em maio de 1949 de forma diplomática, surgiram a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã, consolidando a divisão do país.

Berlim ocidental se transformou num enclave capitalista em território inimigo. Vitrine privilegiada da economia ocidental, atraiu centenas de cidadãos orientais que arriscavam a vida para alcançar o outro lado.

Decididos a conter o fluxo de refugiados, os comunistas começaram a erguer o Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961. O muro era formado por duas barreiras de concreto de 2,40m, cercas de arame farpado com armadilhas e torres de guarda. O muro separou amigos, famílias e uma nação. Na tentativa de buscar melhores condições do outro lado da barreira, dezenas de pessoas foram mortas por soldados que tinham ordem de atirar.

A queda do muro não dependeu de nenhuma ordem oficial, apenas o desejo latente e cada vez maior de liberdade, união e reencontro, além do enfraquecimento dos regimes socialistas. Um mal-entendido em relação a um comunicado oficial do governo da Alemanha Oriental, somado às pressões políticas e sociais externas e internas, provocou a derrubada do Muro de Berlim.

Reunificada oficialmente em outubro de 90, a Alemanha rica e próspera luta ainda hoje para superar a desigualdade existente entre orientais e ocidentais.

A crise de legitimidade intensificou-se nos anos 80. A crescente diferença entre as duas Alemanhas, notadamente em termos econômicos, o aumento da necessidade de repressão política para a manutenção do governo, aliado às novas políticas oriundas do governo Gorbachev na URSS (glasnost e perestroika), fizeram-se sentir de forma surpreendente na RDA. A profunda incapacidade dos líderes alemães orientais de lidar com a crescente insatisfação de sua população permitiu que as pressões políticas internas e externas começassem a funcionar de forma avassaladora, sendo sintomático a abertura das fronteiras húngaras com a Áustria, propiciando uma fuga maciça de cidadãos da RDA para o ocidente.

O golpe de misericórdia na República Democrática Alemã veio em 9 de novembro de 1989. Após a renúncia de Honecker no mês anterior, a desconfiança em relação aos novos governantes que prometiam mudanças ocasionou um anúncio casual e pouco claro de Schabowski, membro do Politburo do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED Sozialistische Einheitspartei Deutschlands) em Berlin Oriental, de que haveria uma nova lei mais flexível na regulamentação das viagens ao ocidente. Tal anúncio provocou a abertura da passagem da fronteira berlinense na tarde daquela data, ficando as autoridades da RDA paralisadas e sem saber o que fazer. O Muro estava aberto e a ilegítima RDA caía como um castelo de cartas (embora oficialmente só fosse extinta no ano seguinte).

A queda da RDA propiciou a abertura dos seus arquivos secretos e a descoberta para o mundo e para os próprios alemães orientais de como funcionava a máquina estatal daquele país sob o jugo totalitário dos seus governantes.

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